Quando pensamos em mudar a forma como a economia mundial funciona, parece algo distante da realidade.
Será que é possível alterar todo um sistema de produção e industrialização que move a sociedade há tanto tempo?
Você já deve ter escutado falar sobre o termo “nova economia” ou “neoindustrialização” - ou, até mesmo, sobre a “Nova Política Industrial do Brasil”.
Mas do que se trata tudo isso?
Em resumo, a nova industrialização é um plano de governo que foi construído ao longo de várias reuniões com diferentes produtores em nosso país: desde agricultores familiares até grandes indústrias multinacionais brasileiras.
O objetivo? Traçar um novo caminho para as indústrias.
“A neoindustrialização é uma reindustrialização baseada em novos setores. O Brasil passou por um processo de desindustrialização, perdendo parte significativa de sua indústria", explica Marco Crocco, professor de economia da UFMG e CEO do BH-TEC.
"Em vez de simplesmente retornar ao modelo antigo ou repetir a indústria do passado, vamos reindustrializar com um novo tipo de indústria, focado em setores mais intensivos em tecnologia, baseado na inovação e com o forte componente da transição climática”, complementa Crocco, que será o mediador da mesa sobre o tema no CIS 2024.
Quais as características dessa nova indústria?
A neoindustrialização – vamos usar esse termo para você se familiarizar – envolve características baseadas em tecnologia, bem diferentes das indústrias tradicionais, que dependem principalmente de trabalho manual e mecânico.
As novas indústrias são pensadas para integrar tecnologia, inteligência artificial e diversas outras ferramentas desenvolvidas no processo.
E para quê?
Podemos listar uma série de objetivos, mas o principal é criar indústrias mais saudáveis, socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e tecnológicas.
Mas como fazer isso? É possível?
Atualmente, não existe no mundo um país com indústrias totalmente voltadas para a ideia da nova industrialização. O Brasil já deu um passo rumo a esse objetivo, partindo de uma dos maiores desafios:
De onde virá o dinheiro?
“A indústria brasileira está em processo de construção. E, no mundo todo, esse processo também está em andamento, sendo que um dos maiores desafios é o financiamento, o dinheiro. É o dinheiro e a decisão”, afirma Crocco.
“Em casos específicos de um novo padrão industrial, baseado em fontes de energia limpa, por exemplo, para implementar um novo produto, é necessário deixar o antigo de lado, o que gera resistência. O que falta é um financiamento efetivo porque esse é um processo de transição em que você precisa decidir quem ganha e quem perde. E é necessário ter decisão política para isso!”, explica Marco Crocco, mestre em Economia Industrial e da Tecnologia pela UFRJ e doutor em Economia pela Universidade de Londres.
CIS 2024
E esse é o tema da mesa “Investimentos para transição verde: inovação como vetor da nova economia e industrialização”, que vai compor o CIS 2024, o II Congresso de Inovação e Sustentabilidade do BH-TEC, nos dias 29 e 30 de agosto.
Moderado por Marco Crocco, o painel tem a participação de Michael Hennessey (BID), Patrícia Herculano (Anbima) e André Godoy (ABDE).
“Na mesa, vamos discutir e detalhar um pouco sobre as características do financiamento para isso. De onde vai vir o recurso? Como é que ele vai ser? Vai ser recurso público, um recurso privado? E como é que se atrai os recursos privados para isso, quais condições…dá para deixar o mecanismo de mercado resolver isso ou você tem que estimular de alguma outra forma?”, diz Crocco.
“Ou o processo de neoindustrualização acontece ou a gente vai ter um problema climático muito grande e as consequências serão piores. Não é algo que deve ou não deve: ela tem que acontecer”, finaliza Crocco.
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