"Este prêmio é o reconhecimento de um trabalho sólido e sério de mais de 15 anos e é a prova de que ciência não se faz do dia para a noite, demanda dedicação e maturação para cruzar a linha da academia para a indústria”.
Você se lembra do Porto? O nanoscópio que cruzou a fronteira nacional, recentemente, depois que foi comprado por um dos maiores centros de instrumentação científica, na Alemanha?
Pois bem, o único nanoscópio do Hemisfério Sul venceu o prêmio nacional Petér Murányi: primeiro lugar entre outros projetos científicos que se destacaram na descoberta ou progresso científico, com o objetivo de beneficiar o desenvolvimento e bem-estar das populações.
A frase que inicia este texto é o resumo do sentimento de um dos desenvolvedores do nanoscópio, Cassiano Rabelo, cofundador e CTO da FabNS, startup residente do BH-TEC.
Mais de 15 anos de pesquisa
O projeto Porto, idealizado e desenvolvido pelo professor do departamento de física da UFMG, Ado Jório, reuniu profissionais de diversas áreas da Engenharia, Física, Química, Matemática e Ciência da Computação - e sua primeira unidade, exportada para a Alemanha, foi produzida pela FabNS.
“Temos dois sentimentos ao receber um prêmio como esse: um é o reconhecimento, saber que estamos envolvidos em um trabalho relevante, muito importante, para a gente ter a clareza de que o que estamos fazendo é útil para a sociedade”, diz Ado.
“Outro sentimento, do ponto de vista da FabNS, é: um empreendimento precisa ser reconhecido para poder efetivamente sobreviver, fazer vendas”, antes de complementar:
“Um prêmio como esse é um selo de qualidade fantástico”, finaliza o professor do Departamento de Física da UFMG.
Melhoria na qualidade de vida das pessoas
Criada em 1999, pelo empresário Peter Murányi, a premiação é promovida anualmente para reconhecer trabalhos que, de forma inovadora e prática, contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ao todo, a premiação oferece R$ 250 mil aos finalistas, além de troféu e certificado de reconhecimento público.
Na edição de 2024, cujo resultado foi divulgado em 22 de fevereiro, 144 trabalhos foram avaliados e indicados por 78 instituições de todo o país. Os três finalistas foram escolhidos pela Comissão Técnica e Científica, composta pelos professores das Universidades de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais.
"Esse prêmio é um testemunho da capacidade que a UFMG tem de gerar tecnologias únicas na área de fronteira que é a nanotecnologia. Sempre vimos o esforço em gerar instrumentação científica de ponta como um divisor de águas para um país que tem a soberania tecnológica como um objetivo”, diz Hudson Miranda, co-fundador e CEO da FabNS.
“Acreditamos que o prêmio reconhece não só a capacidade tecnológica para o desenvolvimento do nanoscópio, mas também a demonstração da sua relevância através da criação de uma empresa que hoje o tem como principal base tecnológica”, finaliza Hudson.
Residentes do BH-TEC premiadas
Em 2023, o Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG, o CTVacinas, foi finalista da edição com o trabalho realizado durante a pandemia de Covid-19.
A equipe, liderada pelo coordenador do CTVacinas e professor da UFMG, Ricardo Gazzinelli, ficou em terceiro lugar com o artigo Soberania tecnológica no desenvolvimento de vacinas humanas no Brasil, que tratou da importância do desenvolvimento de uma cadeia produtiva para a fabricação de imunizantes no país.
O trabalho apresentou o ciclo de desenvolvimento da SpiN-TEC, vacina 100% nacional contra a Covid-19.
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