Um hub sediado no BH-TEC, o Parque Tecnológico de Belo Horizonte, responsável por identificar, mundo afora, desenvolvimentos avançados em nanotecnologia para aplicar no mercado brasileiro.
Essa é a Nano Brasil, que já conta com parceiros pela América Latina e vai inaugurar uma fábrica em solo brasileiro com capacidade inicial de produção de 5 mil quilos de nanopartículas de cobre por mês - o que não existe atualmente.
"Uma coisa é ter a produção de uma nanopartícula, já escalar essa produção tem uma outra complexidade. Desconhecemos a existência de outra empresa no mundo que tem uma produção escalável de nanopartícula de cobre", afirma o co-fundador e CEO da Nano Brasil, Lucio Coelho.
Por que nanotecnologia?
A resposta é simples: é a ciência que busca desenvolvimentos e soluções sem agredir os recursos naturais e a própria saúde humana.
Ou seja, a nanotecnologia elabora novos materiais a partir da organização dos átomos e moléculas da maneira desejada, criando estruturas melhores.
"Queremos substituir produtos químicos danosos por nanopartículas que vão desempenhar esse papel com mais eficácia e menos riscos à saúde", resume Lucio Coelho.
E as aplicações vão desde soluções para construções, polímeros, tintas e até mesmo remédios e cosméticos.
"Estamos trazendo soluções cosméticas e nutracêuticas em lipossomas nanoencapsuladas e transferindo tecnologia de produção de medicamentos de alta complexidade, que apresentam absorção mais eficaz e segura que os produtos atualmente utilizados", complementa o CEO.
Mais puro, menos agressão
Um exemplo dos ganhos da nanotecnologia é o nanocálcio. "No Brasil, o cálcio vem do calcário. Em média, o calcário possui 13% de cálcio, e pode vir muito associado a outros minerais não desejáveis", explica o co-fundador e CCO, Oscar Geigner.
"Já o nanocálcio da NanoBrasil é produzido a partir da casca de ovo, que possui uma média de 30% de cálcio e ainda vem com um componente orgânico, o carbono, importante nos processos em que são utilizados", complementa.
No agro, situação semelhante. O cobre é usado como defensivo, calda bordalesa e afins. O uso é essencial, mas o volume é enorme: bilhões de tonelada por ano em todo o planeta.
O que ocorre? "Como se aplica muito, pode contaminar, por exemplo, o lençol freático. Com o nanocobre, essa quantidade despenca. Em uma cultura, testada por um cliente nosso por exemplo, usaram 10 vezes menos a quantidade e a potência foi 70 vezes superior", diz o CEO da Nano Brasil.
O Hub da América Latina
A Nano Brasil chegou ao BH-TEC neste ano e já vai inaugurar um laboratório dentro do Parque.
"O laboratório serve para ajudar nossos clientes a incorporar a tecnologia. Pouco se entende no Brasil sobre tecnologia: trouxemos expertise de 13, 14 anos acumulada no exterior", reforça Oscar Geigner.
A equipe conta com estudiosos acadêmicos em Química e Farmácia. E já tem braços na Argentina e no Chile.
No país chileno, a parceria é com a Nanotec, uma das únicas empresas no mundo que desenvolve nanopartículas em escala industrial.
"Já estamos viabilizando desenvolvimentos aqui no Brasil com clientes diversos, através dessa parceria: nanozinco, nanodióxido de titânio, nanoboro, nanofosfóro", afirma o CCO da Nano Brasil.
É justamente pelo sucesso da empreitada que a fábrica será construída no Brasil. "Em sociedade com a Nanotec, estamos criando a NanotecLatam. Vamos produzir com exclusividade para toda a América Latina. As obras começam já este ano", diz Oscar.
De remédios a cosméticos
Já a parceria na Argentina é com Lipomize, voltada para a área da saúde, com linhas para nutrição, vitamina, nanocosméticos e fármacos.
São os lipossomas nanoencapsulados.
"Lipossomas são como uma gordurinha (lipídeos) que temos no corpo. A tecnologia encapsula o princípio ativo, que permite uma absorção controlada, pela pele", explica Lucio Coelho.
A Nano Brasil negocia transferência de tecnologia de medicamentos oncológicos, por exemplo, para laboratórios farmacêuticos brasileiros, além dos princípios ativos para a comercialização dos produtos dermocosméticos e de nutrição.
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