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Foto do escritorVirgínia Muniz

#ConexõesBH-TEC: Conheça a história da 3D Lopes

Atualizado: 18 de jan.

Daniel Lopes, fundador da 3DLopes, ao lado de Mateus, com prótese fabricada em impressora 3D
Daniel Lopes, fundador da 3D Lopes, ao lado de Mateus, garoto de 11 anos com prótese fabricada em impressora 3D | Reprodução/FIEMG/YouTube

Imagine transformar o virtual em real para melhorar a vida das pessoas. Exemplos? Próteses que podem tornar sonhos de crianças em algo possível, como o de um garoto de 11 anos que nasceu sem três dedos e deseja ser goleiro.


Um engenheiro com trajetória construída em duas das principais universidades do Brasil e do mundo - e participações em programas da NASA - decidiu adotar essa possibilidade como propósito de vida.


E assim, ainda no início da década de 2010, quando o mundo ainda entendia o que a tecnologia 3D poderia fazer, nascia o embrião da 3D Lopes, empresa mineira especializada em impressão 3D, responsável até mesmo por desenvolver a própria impressora.


Confira abaixo a reportagem especial sobre a startup integrante da primeira edição do Conexões BH-TEC - e aqui para ler sobre as outras participantes.


Estante com o letreiro 3D Lopes e produtos fabricados por impressão 3D
Conheça a história da 3D Lopes: o início da ideia até a potência que se tornou hoje | 3D Lopes/Divulgação

O início


O fundador da startup e engenheiro com passagem em universidades referências é Daniel Lopes. Em 2009, ele começou o curso de engenharia no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), conhecido como uma das unidades de ensino superior mais difíceis do país.


Pouco depois, em 2011, integrou a primeira turma do programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal, e agarrou a possibilidade de ampliar ainda mais os horizontes. No dia 3 de janeiro de 2012, pousou em terras estadunidenses.


"Foi muito legal, fui o embaixador da minha universidade, o ITA. E foi ainda mais interessante porque o ITA é muito teórico. Quando cheguei aos Estados Unidos, na Iowa State University, entendi que a engenharia é muita prática", relembra Daniel Lopes.


E aí lembra daquele meme que ilustra a mente explodindo?


"Eu abri a minha cabeça para engenharia aplicada, o que eles chamam nos EUA de 'mãos na massa'. Uma das matérias da universidade era uma competição da NASA [a conhecida agência espacial estadunidense]: tínhamos que desenvolver um veículo autônomo", afirma.


Adivinhe qual foi o resultado da competição?


Imersão no universo 3D


Sim, Daniel Lopes e a equipe venceram a competição da NASA. E a famosa agência, frequentemente presente em filmes hollywoodianos, apareceria na vida do fundador da 3D Lopes novamente.


"Fiz estágio no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e, nesse estágio, tive a oportunidade de fazer as regras de uma competição da NASA: uma disputa entre carros anfíbios - andam na terra e na água. Eu estava sozinho desta vez, mas tive acesso a uma impressora 3D".

Detalhe da impressora 3D
Detalhe de uma impressora 3D que seria fabricada anos depois, pela empresa fundada pelo Daniel, a 3D Lopes | 3D Lopes/Divulgação

Lógico, o então estudante já dominava técnicas de modelagem 3D, desenhar as peças no computador, mas nunca tinha usado efetivamente uma impressora.


Resultado?


"Comecei a imprimir e fabriquei as peças do carro anfíbio. Ele foi testado, aprovado e se tornou o carro modelo da competição. Quando fui me despedir do professor que me orientou, em meados de 2012, ele deu uma carta de recomendação para eu continuar a graduação no MIT", conta Daniel.


Já estava evidente para o engenheiro em formação: impressão 3D era o presente e o futuro.


Aproveitou o MIT para fazer muitos projetos na área, sempre "mãos na massa", voltou ao ITA em julho de 2013 para finalizar a graduação com o TCC (Trabalho de conclusão de curso) sobre impressão 3D.

Equipamento fabricado por impressão 3D
Equipamento fabricado pela 3D Lopes | 3D Lopes/Divulgação

Já emendou o mestrado na sequência, quando, em parceria com a Braskem, desenvolveu o polietileno verde para impressão 3D.


"Polietileno é um polímero com diversas aplicações e o "verde" é porque é feito do bagaço da cana-de-açúcar, material super sustentável, com impacto ambiental excelente", explica o engenheiro.


Nasce a 3D Lopes


Após as jornadas no ITA, cuja sede é no interior de São Paulo, e no MIT, considerada uma das melhores universidades do mundo, Daniel Lopes voltou a Belo Horizonte para fundar a 3D Lopes, em 2014.


"Logo de cara, muitos desafios: em primeiro lugar, mostrar para as pessoas sobre a aplicação da tecnologia, uma tecnologia muito nova, ninguém sabia o que fazer com isso”, explica o engenheiro.

Impressoras 3D fabricadas pela 3D Lopes
Estrutura da empresa, especializada em impressão 3D | 3D Lopes/Divulgação

“Começamos a trabalhar em tudo: matéria-prima, máquina, desenvolvemos a nossa impressora 3D, a modelagem 3D… tivemos que entender todo esse universo”, complementa Daniel.


Você já imagina, não é?! Os desafios foram superados e, cerca de nove anos depois, a 3D Lopes já desenvolveu mais de 100 mil peças para mais de 100 indústrias diferentes.


Equipamentos fabricados por impressão 3D
Impressão 3D: mais sustentável e acessível | 3D Lopes/Divulgação


Tecnologia para melhorar a vida


"O mais importante para nós é usar a tecnologia para mudar a vida das pessoas", resume o engenheiro.


E é exatamente isso que ele e a empresa dele alcançaram nessa quase uma década de existência.


"Ele me ajudou tanto com essa prótese: igual agora, estou aprendendo a usar o garfo e a faca para comer direito. No futebol, eu fico treinando com ela [a prótese] na minha casa. Meu sonho é ser goleiro de futebol", afirma Mateus, à época com 11 anos, em vídeo divulgado em 2017.


O adolescente foi uma das pessoas cuja vida se transformou para melhor com o trabalho de Daniel Lopes e da 3D Lopes.


"Sou muito grato com o que ele fez por mim", resume Matheus.


Conheça alguns dos projetos desenvolvidos pela 3D Lopes:


Roupas no Minas Trend (2017): Em 2017, uma colaboração com uma grife mineira deu origem a uma parceria com a 3D Lopes para produzir roupas utilizando impressoras 3D. O resultado dessa inovação foi apresentado na passarela da 20º edição do Minas Trend. Os croquis das estilistas foram recriados para a modelagem em 3D à procura das próprias estilistas que buscavam unir a moda à tecnologia (veja mais aqui)


Fabricação de Face Shield e vídeo-laringoscópio durante a pandemia de Covid-19 (2020): Não é só nas passarelas! A 3D Lopes, durante a pandemia de Covid-19, auxiliou no combate ao vírus fabricando face shield para distribuir entre médicos e enfermeiros que atuavam na linha de frente. Além disso, desenvolveu, através da modelagem 3D, peças para o procedimento médico que auxilia a intubação de pacientes de forma mais ágil - o que é essencial para que não haja sequelas pós-intubação


Produção de próteses: O desenvolvimento de próteses a partir da impressão 3D se tornou uma técnica bastante conhecida no mercado pelas vantagens: baixo custo de produção em relação a próteses tradicionais, leves e funcionais. Além do caso citado acima do Mateus, a 3D Lopes mudou a vida de uma criança de 3 anos com má formação no braço (confira a história aqui)


- esses são projetos que a 3D Lopes atendeu. (conheça a história dos pequenos Maria Luiza e Mateus).


Conexões BH-TEC


A 3D Lopes foi uma das participantes da primeira edição do programa de pós-aceleração do BH-TEC, o Conexões. Atualmente, com produção em larga escala e clientes espalhados pelo país, a startup tem como objetivo se estabelecer como referência em impressão e modelagem 3D no Brasil.


“Nesse sentido, o programa Conexões foi muito útil pelo diagnóstico que fez da 3D Lopes, mostrando quais áreas que a gente precisa de mais ajuda. Com o auxílio nas conexões com profissionais dedicados nessas áreas, conseguimos ter um diagnóstico assertivo, bem direto. Temos muito a agradecer ao programa Conexões e ao BH-TEC”, finaliza Daniel Lopes.

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