Você já percebeu que usamos a nossa visão para quase todas as atividades durante o dia? E sabia que, na rotina de uma indústria - ou uma empresa -, isso não é diferente?!
Quando pensamos em um computador, não acreditamos que ele pode ver, não é mesmo?! Mas pode: através da visão computacional.
E, em alguns casos, esses “olhos” se tornam ferramentas excepcionais, podendo contribuir para a agilidade de processos, organização e segurança dos colaboradores.
Essas são as bases das tecnologias desenvolvidas pela Pix Force, uma startup que uniu a visão computacional para a área de logística e intralogística - e é referência em inteligência artificial (IA) no Brasil há 5 anos, de acordo com ranking do 100 Open Startups.
Confira abaixo a reportagem especial sobre a empresa e aqui para ler sobre as outras participantes.
O início
Há pouco mais de uma década, começamos ter contato com as imagens de drones e satélites. Em 2009, essas tecnologias começaram a se erguer de fato - exatamente a época em que Daniel Moura, engenheiro ambiental, mestre na área pela Universidade da Flórida e diretor-executivo da Pix Force, percebeu a oportunidade para o trabalho da startup, que, anos depois, atenderia clientes internacionais.
“Fui convidado em 2009 para tocar uma operação de uma empresa americana de consultoria em sustentabilidade ambiental que estava abrindo um escritório aqui no Brasil. Trabalhei nessa empresa por mais ou menos uns 8 anos. Era uma empresa baseada em humanos para fazer as análises de dados, incluindo imagens. E foi aí que percebi a oportunidade de automatizar esses processos”, conta Daniel.
Uma necessidade de mercado
Apesar da necessidade de tornar o processo de análises automatizado, a tecnologia era nova e com um custo muito alto, já que a ideia era integrar a inteligência artificial.
“A idealização da Pix Force surgiu com o Renato [Gomes], meu sócio. Ele vem da área de mineração, fundou algumas empresas e utilizava bastante imagens de satélites, imagens de drones... Só que a análise disso era tudo muito caro e muito manual. E, naquele momento, ninguém falava em inteligência artificial ainda, mas a gente tinha essa dor”, conta co-fundador e CEO da Pix Force, Daniel Moura.
Renato Gomes, apaixonado por tecnologia, formado em eletrônica e fundador de outras duas empresas no ramo de mineração, percebeu na Pix Force uma solução para o problema do mercado.
“Conheci o Daniel em um evento familiar e, conversando com ele sobre os desafios da área de mineração, a gente discutiu a questão do sensoriamento remoto e particularmente como o Brasil estava atrasado nisso. E a gente decidiu montar uma empresa que atendesse às necessidades da empresa de consultoria que ele trabalhava e das que eu havia fundado na área de mineração”, relata o presidente da Pix Force, Renato Gomes.
“O que foi muito interessante é que a gente começou essa empresa ciente do desafio que seria, mas, rapidamente, a gente viu que a demanda do mercado era enorme. Alguns anos depois, tanto o Daniel, como eu, abandonamos nossas empresas e viemos full time para a Pix Force”, conta Renato.
O treinamento da visão
Na rotina de uma indústria sempre há uma ação humana: seja para inspecionar algum processo, seja na linha de produção para avaliar se as pessoas estão em risco, ou contando inventário. Todas são atividades em que a principal função envolvida é a visão.
O que a Pix Force faz é treinar o computador para que ele seja capaz de ver, interpretar e enviar a informação daquela imagem.
Como?
“O computador é cego, ele não enxerga imagem. O que nós fazemos é treinar algoritmos, inteligência artificial, para interpretar a imagem. E por que isso que a gente faz é fantástico? O processo automático é, sem dúvidas, superior ao método manual. A inteligência artificial faz com que as inspeções sejam mais rápidas, mais baratas, mais seguras e com maior qualidade”, afirma Daniel.
Pix Safety, Pix Docs, Pix Quality...
Sabe o que todas têm em comum? IA em visão computacional e tecnologia brasileira.
Atualmente, a Pix Force já atende clientes internacionais e possui um plano internacionalização da startup - e todo o desenvolvimento foi feito com inteligência brasileira.
“É uma tecnologia que é tão nova que o desafio e sucesso da Pix Force no Brasil são inéditos em termos globais. Os desafios existem no mesmo nível em outras empresas. Então, a gente sabe que, se conseguimos atender uma empresa como a Shell, na Holanda, a gente consegue atender outra empresa internacional, com um problema similar”, conta Renato.
“Esse é um exemplo do que permeia as nossas soluções. Podem até existir soluções similares no âmbito global, mas ninguém solucionou ou consolidou o tipo de software de visão computacional que desenvolvemos aqui no Brasil. E a gente vai manter muito do esforço e da tecnologia no Brasil”, complementa o presidente da Pix Force.
Exemplos de produtos já comercializados:
Pix Safety
“É um sistema para segurança do trabalho. Então a ideia é que toda a fábrica, toda a indústria possuem muitas câmeras de segurança instaladas. Só que essas câmeras são reativas, não são inteligentes, estão ali só para gravar. O que a gente consegue fazer é transformar qualquer câmera em uma espécie de inspetor que está avaliando pessoas em situação de risco. E, quando essas situações são identificadas, um alerta é enviado de forma automática”, explica Daniel Moura.
Pix Docs
“Lançamos um sistema neste ano para análise de documentos complexos. Existem alguns sistemas que fazem isso, como o da Google, só que com uma OCR (reconhecimento ótico de caracteres, em tradução livre) tradicional, não é um sistema inteligente, simplesmente transforma uma imagem num documento digital, num documento Word, por exemplo. E, com o nosso, a gente consegue entender o contexto da informação que está ali”, contextualiza Daniel.
Um exemplo?
“Se você tem um contrato social de uma empresa e deseja abrir uma conta no banco, o banco precisa saber se você tem poder para assinar pela empresa. Como você vai saber isso? Você vai ter que ler todo o contrato social. Com o sistema, a gente consegue ler a regra de negócio para ele próprio tomar decisão baseado nessa leitura do documento. Então, toda essa interpretação do texto é feita de forma automática”, exemplifica o diretor-executivo da Pix Force.
Conexões BH-TEC
E agora? Quais são os principais planos da Pix Force?
“Hoje, o que estamos buscando são acelerações e oportunidades que possam nos conectar com o mercado. E foi a experiência que a gente teve com o Conexões, através dos treinamentos. Isso é muito importante, mas, mais importante do que isso, são as conexões, as possibilidades de conversar com possíveis clientes, de validar soluções, receber feedbacks. Então, isso é o que gente procura em um programa como o do BH-TEC”, relata Daniel Moura.
“É interessante porque o Conexões traz uma maturidade com relação ao desenvolvimento e manutenção de clientes de uma forma mais estruturada, que é característica de uma startup mais qualificada, que já tem uma solução e uma tração no mercado. O programa traz novas visões para tentar garantir o êxito que tivemos durantes esses anos”, finaliza Renato Gomes.
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