Câmera inteligente da Gaia detecta foco de incêndio | Credito: Gaia/Divulgação
Por Virgínia Muniz
O período mais crítico do ano em relação às queimadas se encerrou com uma vitória em Minas. O estado registrou uma queda superior a 22% no número de focos de incêndio durante o hiperfoco, compreendido entre julho e setembro. Além da conscientização da população (90% do fogo é criminoso) e de particularidades climáticas, o principal fator foi a rápida identificação - com o consequente combate.
“A identificação rápida faz muita diferença. Se você consegue identificar rápido, a possibilidade de extinguir e não deixar propagar é muito grande", inicia a capitão Thaise Rocha, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
"Aqui no nosso estado, temos uma região de relevo muito acidentada, o que chamamos de morro a baixo ou morro a cima. Então, um incêndio em um relevo acidentado propaga com muito mais facilidade - e o combate é muito mais difícil para as equipes”, complementa.
Você deve estar se perguntando: "bacana, mas o que o BH-TEC tem a ver com isso?"
Uma empresa residente do Parque Tecnológico contribuiu para essa rápida detecção de focos. É a Gaia Solutions on Demand! Eles desenvolveram a seguinte tecnologia: uma câmera inteligente consegue identificar o início de um incêndio e, automaticamente, envia um alerta para que providências sejam tomadas imediatamente.
No vídeo abaixo, é possível ver um foco que havia acabado de se formar no dia 24 de setembro. “As câmeras detectam via inteligência artificial (IA) o foco pelos elementos fogo ou fumaça. Assim que a IA identifica esse foco, envia uma mensagem via Telegram, com o vídeo gravado, e os responsáveis pela área são acionados", explica o CEO da Gaia, Adriano Lisboa.
Essa área do vídeo é do Parque Estadual Serra Verde, que fica ao lado da Cidade Administrativa. "Neste caso específico, notificamos a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), que tomou as providências".
O outro vídeo abaixo, ainda com o céu claro, ocorreu no ano passado, na mata da UFMG.
A Gaia possui câmeras espalhadas pela região metropolitana de BH e Sete Lagoas, que vigiam o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça; o Serra Verde; a mata da UFMG; e a mata da cidade universitária da UniverCemig.
Satélite não faria esse trabalho?
Não. O satélite tem sua importância e, sem dúvida, contempla uma área muito maior. Mas justamente por isso tem falhas importantes na hora de combater o incêndio. "A nossa câmera, terrestre, pega focos pequenos nos municípios, o que as imagens de satélite não conseguem: a menor área é de 300 metros de extensão de fogo", explica Lisboa.
E mais! "A velocidade de análise das imagens. A diferença entre a nossa captação e as imagens de satélite é de cerca de três horas", complementa o CEO da Gaia.
O principal responsável: você!
A tecnologia desenvolvida pela Gaia é fantástica no trabalho de combate aos incêndios. Mas, segundo os bombeiros de Minas, cerca de 90% das queimadas não existiriam se a população fosse mais responsável.
“Mais de 90% dos focos de incêndio são causados por ações humanas. Existem causas naturais, mas, se você for observar, o início dos focos ocorre geralmente em beiras de rodovia", esclarece a capitão Thaise Rocha.
"Existem pessoas que fazem os incêndios para limpeza de mato e lixo, pra tirar uma vegetação que está alta, em vez de capinar. Elas colocam fogo e não têm noção do que pode virar”, exemplifica a oficial do Corpo de Bombeiros.
Cenas de incêndios e seus estragos | Crédito: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
Desde 2015, os militares atenderam apenas nos três meses mais críticos - julho, agosto e setembro - impressionantes 77 mil ocorrências de foco de incêndio.
“Às vezes a pessoa vai colocar o fogo e perde o controle com muita facilidade. Aí chega perto da residência, de áreas de conservação ambiental e acaba colocando vidas em risco: de humanos e animais. É uma situação muito complicada: as pessoas infelizmente não têm consciência de como esses atos são perigosos para a sociedade", faz um apelo a porta-voz dos bombeiros de Minas.
A provocação do intertítulo acima também se estende a uma nova ferramenta que está sendo desenvolvida pela Gaia. Além de atualizar o software, a residente do BH-TEC planeja lançar em breve um aplicativo através do qual qualquer um poderá ter acesso às câmeras.
"O usuário comum poderá receber notificações e interagir com o sistema: ao ter acesso às câmeras, poderá avisar caso identifique algum foco. Também terão um acesso especial os agentes do Corpo de Bombeiros e os responsáveis pela mata", afirma Adriano Lisboa.
Podemos relaxar?
Se o período crítico passou, quer dizer que podemos relaxar? Não! Os especialistas explicam que, com a chegada da temporada de chuvas, o índice de incêndios diminui, mas a conscientização e o respeito às normas e às pessoas devem se manter.
“Pedimos às pessoas para terem essa consciência de não colocar fogo. O fogo se espalha com muita facilidade. É ter noção de que com fogo a gente não brinca, é muito sério e muito arriscado tanto para sua própria vida, quanto pra vida das outras pessoas, do meio ambiente e dos animais”, finaliza a militar.
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