Um dos grandes desafios da produção científica atualmente é chegar à sociedade de forma simples e correta para que esta confie e se apodere desse conhecimento. O estudo Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil, divulgado em maio deste ano, revela que o interesse em ciência e tecnologia pela população teve queda de 6,1% desde 2019 até 2023. Por outro lado, as pessoas entrevistadas confirmaram que têm confiança em profissionais como médicos, jornalistas e cientistas, nesta ordem.
Pensando em melhorar a informação que sai da universidade, passa pela mídia e chega ao cidadão, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), a Fiocruz Minas/Instituto René Rachou, a Biominas Brasil e o Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ/UFV), se uniram para potencializar a divulgação científica em Minas, bem como estreitar a relação entre jornalistas e pesquisadores.
O resultado é a concretização do Laboratório de Inteligência em Divulgação Especializada em Ciência, Tecnologia e Inovação, cuja sigla - Rede Lide CT&I - faz uma alusão ao lead, primeiro trecho de uma matéria jornalística responsável por resumir de forma direta a história que será contada no restante do texto.
Para o professor José Osvaldo Saldanha Paulino, coordenador-geral do projeto, uma das características mais importantes da Rede Lide em CT&I é ter sido construída e formatada a partir da parceria entre institutos de ciência e tecnologia (ICTs), mesmo que atuem com escopos distintos.
“Esta é a grande riqueza do projeto, compartilhar inteligências, experiências e infraestruturas. Desta forma, pretendemos atingir as metas pactuadas com a Fapemig e, principalmente, produzir, difundir e popularizar conhecimentos científicos”, avaliou o professor, que é do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG e Presidente do Conselho de Administração do BH-TEC.
Cristina Guimarães, gerente de Desenvolvimento Institucional do BH-TEC e coordenadora do projeto, cita outro também importante diferencial da Rede Lide em CT&I: criar relacionamento entre imprensa, pesquisadores, cientistas, professores e empreendedores.
“Queremos tirar cada um da sua bolha e colocar para pensar juntos as melhores formas e estratégias para entregar à sociedade a oportunidade de ela fazer suas escolhas com base em informações verídicas, pesquisadas e validadas. Essa união é fundamental para melhorar a percepção da população sobre a ciência”, afirmou Cristina.
Para a professora Débora D’ávila Reis, diretora de Divulgação Científica da UFMG, o projeto é importante porque reforça o papel da divulgação científica como forma de abertura da universidade para ir de encontro à sociedade. “Isso fica ainda mais evidente quando propusemos que ele fosse feito em rede, envolvendo instituições diversas”, afirmou.
“A Rede Lide chega propondo pensar a comunicação pública da ciência com diversidade e diálogo. Divulgar ciência é fazer uma ponte entre universidade e sociedade e também nos fazer repensar tanto a produção científica de cada instituição quanto a forma como o cidadão está sendo impactado por isso”, complementou.
“Entendemos que a informação científica chegar até as pessoas é determinante para as atitudes que elas vão tomar. Considerando a área da saúde pública, vemos que não são apenas decisões individuais, mas sim, que impactam toda a sociedade. Deixar de tomar uma vacina, por exemplo, por causa de informação sem base científica que recebeu de fontes duvidosas, tem um impacto coletivo muito grande, como já podemos ver o risco de retorno de doenças como a poliomielite e o sarampo”, explicou a professora Cristiana Ferreira Alves Brito, pesquisadora e coordenadora do núcleo Rede Lide na Fiocruz Minas.
Ela lembra que a pandemia potencializou ainda mais a desinformação, assim aumentar a divulgação de informações científicas em saúde é um dos desafios colocados para a Rede Lide.
Segundo o presidente da Biominas Brasil, Eduardo Emrich, a Rede Lide em CT&I tem um forte propósito educativo. "A Biominas tem como missão conectar pessoas para construir negócios de sucesso e criar ambientes inovadores na área de biotecnologia no Brasil. Negócios de sucesso nesta área dependem de uma ciência de muita qualidade, que passa também por uma atividade importante de divulgação científica".
"É necessário que cada vez mais pesquisadores se aproximem de públicos externos à academia, trazendo a inovação e seus desdobramentos. A Rede Lide tem também um propósito educativo nesse sentido, ao promover capacitações tanto para jornalistas entenderem mais sobre os processos da ciência e da inovação, quanto para capacitações de pitch para pesquisadores, promovendo a popularização do conhecimento científico", finaliza.
A Rede Lide em CT&I é um projeto financiado com recursos da FAPEMIG. Entre as ações previstas estão a criação de um portal do conhecimento, capacitações voltadas para jornalistas e pesquisadores, premiação para profissionais da imprensa em matérias voltadas para a promoção da ciência, mapeamento das iniciativas de divulgação científica em Minas, entre outras ações.
Lançamento
Para apresentar o projeto, a equipe da Rede Lide em CT&I está preparando um debate presencial intitulado “Comunicação da Ciência: a proposta da Rede Lide”. O encontro será no BH-TEC, no dia 5 de julho, sexta-feira, de 9h30 às 12h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link: https://bit.ly/3XhyDWx . As vagas são limitadas.
O debate sobre comunicação e ciência conta com a presença de Bernardo Esteves, repórter da revista Piauí especializado em ciência e meio ambiente. Ele tem 24 anos de experiência, é apresentador do podcast “A Terra é redonda (mesmo)”, autor de “Admirável novo mundo - uma história da ocupação humana nas Américas” (Companhia das Letras, 2023) e é professor do Amerek, o curso de Especialização em Comunicação Pública da Ciência da UFMG.
Outra convidada especial é Maísa Caldeira, da TV Record Minas. À frente do MG no Ar, ela tem mais de 15 anos de experiência e traz sua experiência com a reportagem e edição para tv a partir de uma perspectiva prática sobre a cobertura e o contato com pesquisadores.
Para falar sobre a criação da Rede, seu propósito e a importância do projeto, estará presente a idealizadora e coordenadora do Lide em CT&I, a gerente de Desenvolvimento Institucional do BH-TEC, Cristina Guimarães. Débora D’ávila Reis, professora, pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e diretora de Divulgação Científica e Educação Inclusiva da Universidade, compartilhará a visão do cientista sobre a divulgação e as ações previstas pela sua equipe na Rede Lide.
Cristiana Ferreira Alves de Brito, pesquisadora da Fiocruz Minas, secretária regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e coordenadora dos programas de Divulgação Científica e extensão da instituição, discutirá o papel da divulgação científica em saúde e os impactos das notícias sobre a ciência na saúde da população.
Adriana Faria, diretora do tecnoPARQ, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e referência em inovação no país, destacará a importância da Rede Lide para o tecnoPARQ e como o modelo pode ser adotado por ambientes de inovação. Pela Biominas Brasil, participa a gerente de Operações e Parcerias, Isabela Allende, que fará um overview sobre a instituição e a importância da parceria e da criação da Rede Lide.
Inscrições e Informações:
Data: 05/07/2024
Horário: 9h30 às 12h
Local: BH-TEC - Rua Professor José Vieira de Mendonça, 770, Engenho Nogueira, Belo Horizonte.
Para participar, inscreva-se pelo link https://bit.ly/3XhyDWx
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